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Da feira à geopolítica: o duelo automóvel entre China e Europa

15 Setembro 2025

O IAA Mobility, feira automóvel que decorreu em Munique (Alemanha), transformou-se num palco de confronto. Mais do que uma montra de protótipos elétricos e SUVs de última geração, o evento revelou a tensão geopolítica crescente entre a Europa e a China, uma disputa que transcendeu o design e a inovação da indústria automóvel.



Um Palco de Demonstração e Poder


Com mais de 350 novos modelos diante de 748 expositores na presença de 37 países, a feira atraiu um público diversificado: fabricantes, fornecedores, investidores e, crucialmente, decisores políticos.


O chanceler alemão, Friedrich Merz, marcou a abertura da feira com o corte de fita, proporcionando um momento simbólico. A sua presença verificou o que diversos analistas já teriam vindo a alertar: que a indústria automóvel europeia se encontra numa encruzilhada de poder e de sobrevivência competitiva face à China.



Questões Centrais do Confronto Sino-Europeu


Os bastidores da feira foram dominados por debates sobre:


• Subsídios Estatais Chineses: Pequim tem apoiado fortemente os seus fabricantes de veículos elétricos, permitindo-lhes oferecer produtos a preços altamente competitivos. Esta política levanta preocupações significativas na Europa, que a vê como uma potencial distorção da concorrência.
• Tarifas e Barreiras Comerciais: Bruxelas implementou recentemente taxas adicionais sobre veículos elétricos importados da China. A medida visa reequilibrar a balança comercial e salvaguardar os interesses dos produtores europeus.
• Localização da Produção e Soberania: O interesse chinês em instalações europeias, como potenciais aquisições ou adaptações de fábricas da Volkswagen na Alemanha, levanta questões prementes sobre emprego, soberania industrial e autonomia tecnológica.



Impactos e Riscos para a Europa


Os desafios para a indústria automóvel europeia são multifacetados:


• Competitividade de Custos: A disparidade nos custos de mão-de-obra, energia, componentes e cadeias logísticas ameaça a capacidade europeia de manter margens rentáveis e volumes de vendas face aos fabricantes chineses.
• Transformação tecnológica: A inovação em software, autonomia elétrica e integração digital nos veículos evolui a um ritmo vertiginoso. As marcas chinesas têm investido fortemente nestas áreas, exigindo que a Europa vá além de apenas regulamentações e tarifas.
• Riscos Geopolíticos: As políticas públicas, os subsídios, as tarifas e a dependência de cadeias de fornecimento de matérias-primas e componentes vindos da China transformam os salões automóveis em autênticas arenas de diplomacia económica.



Reações e Caminhos Possíveis


No IAA, a Europa esforçou-se por demonstrar resiliência, exibindo tecnologias próprias, parcerias e reafirmando publicamente o compromisso com a sustentabilidade e o investimento na produção local.


A resposta chinesa aponta para uma estratégia de expansão nos mercados externos, oferecendo produtos com uma relação custo-benefício imbatível e utilizando as tarifas como instrumento de proteção dos seus próprios interesses.


Contudo, há caminhos intermédios que ganham relevância:


• Produção Híbrida e Joint Ventures: Para evitar taxas e reduzir barreiras.
• Fomento da Inovação Interna Europeia: Políticas industriais que impulsionem o desenvolvimento em áreas como software, baterias, infraestruturas de carregamento e materiais avançados.
• Avaliação Regulatória e Investimento Estratégico: Uma análise rigorosa dos subsídios externos e um investimento público direcionado para capacidades estratégicas, como a cadeia de produção de baterias, semicondutores e componentes elétricos.






fonte: Expresso.pt