O Futuro da Mobilidade: Os Papéis da China, Europa e EUA na Revolução Elétrica
A mobilidade elétrica configura uma transformação revolucionária (...)
28 Outubro 2025
28 Outubro 2025
A mobilidade elétrica configura uma transformação revolucionária e disruptiva, de progresso. Esta análise debruça-se sobre os principais beneficiários e desafios emergentes nos mercados de veículos elétricos na China, Europa e EUA, explorando as tendências futuras.

A eletromobilidade já está a determinar o futuro. Analistas da "BloombergNEF" esperam que 22 milhões de Veículos Elétricos (VEs) sejam vendidos em todo o mundo este ano, mais 25% do que no ano anterior. Destes, quase 6 milhões serão veículos puramente elétricos a bateria (BEVs). Até 2040, os especialistas de mercado preveem uma quota de 40% de VEs na frota global de automóveis. Isso corresponderia a cerca de 700 milhões de VEs.
A China e o seu Domínio no Mercado de Veículos Elétricos
A indústria automóvel chinesa, em poucos anos, ascendeu a uma superpotência de VEs. Os condutores chineses estão a comprar mais VEs do que nunca e mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Atualmente, a China é responsável por dois terços das vendas globais de VEs. A Europa segue com 17%, os EUA com 7%. No primeiro semestre de 2025, foram vendidos 5,5 milhões de VEs de todos os tipos na China. É um boom, como comprovado pelo seguinte: os VEs na China consomem agora mais eletricidade do que todo o país da Suécia, segundo analistas da Bloomberg.
A Eletromobilidade a Preços Reduzidos
Os carros elétricos na China, com um custo médio de 28.500 dólares (enquanto na Alemanha se fixam nos 44.500 euros), destacam-se por serem mais económicos do que os veículos de combustão. A esta acessibilidade de custo de aquisição junta-se também um valor mais baixo para a eletricidade. De acordo com o "EV Attractiveness Index 2025" da "BearingPoint" e do Handelsblatt Research Institute, o custo da eletricidade para 100 quilómetros percorridos na China é de 1,01 euros. Na Alemanha, é um valor considerável de 6,60 euros, e nos EUA, 2,89 euros.
"Se o preço for justo, os compradores de automóveis também aceitarão desvantagens percebidas, como a incerteza de autonomia ou o tempo adicional necessário para o carregamento", explica Aleksandra O'Donovan, responsável pela Mobilidade Eletrificada na BloombergNEF em Londres. Ela identifica a "acessibilidade económica" como um dos fatores-chave para a adoção em massa de VEs. Isto aplica-se globalmente. "A eletromobilidade está atualmente a expandir-se para lá do nicho premium para segmentos de compradores mais sensíveis ao preço. Aqui, os custos operacionais e de manutenção estão a tornar-se mais significativos nas decisões de compra", afirma a especialista.
Disputa de Clientes
Os Fabricantes de Equipamento Original (OEMs) chineses embarcaram numa disputa competitiva. Contudo, a questão assume uma dimensão política, com Pequim a manifestar-se contra esta guerra de preços prejudicial, embora sem anunciar, até ao momento, medidas concretas. "Cerca de 130 marcas com mais de 400 modelos de VE estão a competir pelos clientes", de acordo com um estudo da McKinsey de 2024. Patrick Schaufuss, partner da McKinsey, aguarda, portanto, "uma forte orientação para a exportação das marcas chinesas bem-sucedidas". A Alemanha, com mais de 200 modelos de VE oferecidos, ocupa o segundo lugar atrás da China.
As Marcas Europeias
A transição da China para a Europa, no que toca à mobilidade elétrica, é um passo curto. Schaufuss salienta que "por um lado, haverá uma sobrecapacidade de mais de 40% no mercado local. Por outro lado, os fabricantes chineses esperam margens mais altas no estrangeiro devido às suas vantagens de custo de até 30% em comparação com os fabricantes ocidentais." A BYD já está a construir, a Chery e a Changan também estão a planear fábricas na Europa, em parte para evitar tarifas comerciais. "Os OEMs chineses estão a vir para ficar", afirma Henner Lehne, Vice-Presidente do Grupo Global de Veículos e Powertrain, Divisão Global de Mobilidade, S&P Global. A sua estratégia "Premium por Tecnologia" relembra o lema "Progresso através da Tecnologia" da Audi.
"Eles têm as marcas europeias na mira", confirma Aleksandra O'Donovan. O seu objetivo é o "luxo acessível". "Esperamos um foco no grupo-alvo de 'profissionais ativos', onde a lealdade à marca ainda não está fortemente estabelecida", explica. Assim, oferece boas hipóteses aos OEMs chineses: "Eles ouvem o que os consumidores querem, agem rapidamente e entregam o que os clientes desejam. E agem sem perder tempo." A notória "velocidade chinesa". "No entanto", diz a especialista de Londres, "eles precisarão de tempo para ganhar a confiança dos consumidores." Parcerias com OEMs ocidentais podem ser úteis aqui – de acordo com O'Donovan, tais colaborações são "prováveis".
BYD Seal vs. VW Tiguan
As importações de automóveis provenientes da China são, por enquanto, administráveis, mas as suas elevadas taxas de crescimento são visíveis nos dados da Jato Dynamics: a topseller BYD trouxe cerca de 70.500 unidades para a Europa no primeiro semestre de 2025, mais do que em todo o ano anterior (57.000). Com o SUV híbrido Seal U DM-i, a BYD está a visar o Tiguan 1.5 eHybrid OPF da VW no segmento de gama média.
No entanto, os OEMs chineses confrontam-se com desafios significativos no mercado europeu. A forte lealdade às marcas e a fidelidade aos fabricantes locais são obstáculos notórios, a par das reservas generalizadas dos consumidores em relação às empresas chinesas. A isto soma-se o facto de, segundo um estudo da Bloomberg Intelligence, apenas 16% dos compradores de automóveis nos cinco maiores mercados europeus estarem dispostos a adquirir um BEV.
Europa em Recuperação
O mercado europeu de VEs parece estar a recuperar rapidamente após a queda em 2024: no primeiro semestre de 2025, a quota de mercado dos carros elétricos subiu para 15,6% (870.000 veículos), face aos 12,5% no mesmo período do ano anterior. Os motores de crescimento são claramente os híbridos plug-in (PHEVs), que representam mais de metade dos VEs.
fonte: all-about-industries.com