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Maquinação de moldes: Heller assegura precisão, autonomia e eficiência num só centro

04 Dezembro 2025

A indústria de moldes portuguesa, onde cada micron conta e a excelência se mede pela repetibilidade, conta com um novo ativo tecnológico: o centro de maquinação CNC Heller de cinco eixos. Fabricada na Alemanha e representada em Portugal pela DNC Técnica, esta tecnologia encontra-se, até ao momento, presente numa única empresa nacional: a Moldata. A aposta visa responder de forma concreta à falta de mão de obra especializada e ao aumento das exigências de rigor, marcando uma viragem na linha de produção da empresa.


Francisco Neves, responsável da DNC Técnica, descreve a Heller como “uma máquina de fabrico 100% alemão, de cinco eixos e configuração horizontal, que permite maquinar as cinco faces de uma peça num só aperto”.


“Enquanto uma face está fixada, as restantes podem ser trabalhadas. Isso reduz drasticamente os tempos mortos, especialmente porque o sistema de automatização de paletes permite preparar o próximo trabalho enquanto a máquina está a operar”, explica.


Com duas mesas integradas e possibilidade de expansão para mesas de preparação externas, o equipamento garante setups mais rápidos e fluxos contínuos de produção.


“É uma máquina robusta, precisa e extremamente fiável, capaz de conjugar potência e rotação para todo o tipo de trabalhos: da furação exigente ao desbaste e acabamento”, acrescenta Francisco Neves.


Tradicionalmente associada à produção em série, esclarece, a Heller demonstra agora a sua versatilidade para a peça unitária ou pequenas séries, tornando-se “uma opção estratégica para os moldistas que procuram eficiência e autonomia”.



Visão


Com esta aquisição, a Moldata deu um passo que alia inovação tecnológica e visão estratégica, respondendo de forma concreta a três desafios centrais: a falta de mão de obra especializada, o aumento das exigências de rigor dos clientes e a necessidade de maior produtividade.


Na empresa, conta Ricardo Caseiro, responsável de produção, a decisão da aquisição deste equipamento foi cuidadosamente ponderada.


“Havia três marcas em cima da mesa”, revela, adiantando que a escolha recaiu na Heller por motivos técnicos e não comerciais. “Precisávamos de uma máquina que respondesse à escassez de mão de obra, que aumentasse o rigor exigido pelos clientes (abaixo das cinco microns) e que nos permitisse fazer mais com menos”, relata.


Resultado: duas máquinas antigas deram lugar a uma Heller, que agora trabalha com autonomia em turnos prolongados.


“Com esta máquina, conseguimos fazer as cinco faces de uma peça com um único operador e duas mesas de trabalho, mantendo a versatilidade e reduzindo significativamente a necessidade de intervenção humana”, explica.


Entre as vantagens mais valorizadas por Ricardo Caseiro está também o carrossel de ferramentas. “É a única máquina que temos com capacidade para cerca de uma centena de ferramentas. Antes, o máximo era 60”, esclarece.



Precisão


Para Hermann Twiehaus, representante da Heller Alemanha, o ADN da marca está na alta produção com precisão contínua. “O que distingue a Heller é a capacidade de operar 24 horas por dia, sete dias por semana, garantindo que cada peça sai com o mesmo rigor e qualidade”, afirma, enfatizando que esta “é uma máquina pensada para a repetição exata e para trabalhar sem paragens”.


Equipada com o controlo Siemens Sinumerik One, de processador rápido e elevado poder de cálculo, este equipamento assegura reação instantânea e estabilidade nos processos mais exigentes.


“Mesmo sendo uma máquina projetada para a produção em série, adapta-se de forma surpreendente à realidade dos moldes, onde o foco está na precisão e flexibilidade”, salienta Hermann Twiehaus.


E na prática, a Moldata tem conseguido “explorar o potencial da máquina ao máximo”, admite Ricardo Caseiro.


“Queremos que a Heller esteja o mais tempo possível a trabalhar sem operador, e temos conseguido isso em vários tipos de trabalho”, explica. Os ciclos médios rondam as 10 a 12 horas por peça, o que permite que, com as duas paletes, a máquina atinja uma autonomia combinada de 24 horas.


As peças mais longas já produzidas chegaram às 210 horas de maquinação contínua. “E não eram peças simples; pelo contrário, eram bastante complexas”, sublinha Ricardo Caseiro. “A máquina trabalha sozinha, com rigor e estabilidade. É muito boa a furar e, no nosso caso, tem uma fixação FCS de elevada precisão”, sublinha.



Pensar diferente


Para a DNC Técnica, a chave do sucesso está na personalização. “As máquinas não devem ser compradas pelo preço, mas pelo que acrescentam ao negócio. O nosso trabalho começa por compreender as necessidades da empresa e só depois definir a configuração”, defende Francisco Neves, exemplificando com o caso da Heller. Cada máquina pode ser configurada de acordo com o tipo de trabalho: mais dinâmica, mais pesada ou preparada para automação futura. “A máquina que equipa a Moldata foi pensada para crescer. Pode receber mais paletes e aumentar a autonomia sem substituir o equipamento”, adianta.


Francisco Neves é perentório: “No setor dos moldes, o caminho é a automação, a fiabilidade, a repetibilidade e o rigor. Por isso, a questão nunca pode ser quanto custa a máquina, mas o que ganhamos com ela. Queremos que faça seis mil horas por ano e isso é perfeitamente possível”.


Mas deixa também um alerta ao setor: “Quando o investimento se resumir apenas a quem compra mais robôs ou software, corremos o risco de ficar para trás porque há outros países e outras indústrias com mais capacidade financeira. A diferença continuará a ser feita pelas pessoas, pelas equipas que pensam diferente e estão dispostas a mudar”.


Ricardo Caseiro acrescenta que a aposta nas pessoas, sobretudo nas equipas jovens “faz toda a diferença”, exemplificando com a realidade da Moldata. É que os jovens, explica, “trazem ideias novas, questionam processos e puxam por nós”.


No seu entender, há ainda muitas empresas que têm medo da mudança. “Nós também tivemos esse receio. Mas percebemos que quem quer evoluir tem de experimentar fazer diferente”, defende, acrescentando que “esta máquina é disso um exemplo e significa, para nós, uma parte importante do caminho de melhoria contínua e crescimento que ambicionamos”.