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Economia & Mercados

Fornecedores admitem sinais positivos de mudança

23 Fevereiro 2022

Uma visão positiva sobre o futuro, a curto prazo, foi deixada pelos fornecedores globais da indústria de moldes que participaram no painel de debate da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2021’. José Dantas (Yudo) e José Silva (Hasco) afirmam-se convictos de que, este ano, vai registar-se um ‘boom’ no número de projetos e encomendas da indústria automóvel e os moldes portugueses vão beneficiar com isso.


Apesar da lenta retoma dos mercados, que ambos confirmaram ser generalizada à escala mundial, os dois exemplificaram com os seus contactos internacionais feitos recentemente para enfatizar que “há mudanças que começam a ser visíveis e que vão sê-lo ainda mais no primeiro trimestre de 2022”.


Falando no decorrer do debate moderado por Ana Vieira (Moldoeste), José Dantas e José Silva deram nota da sua visão sobre ‘as tendências de mercado’. E a diferença no ritmo económico vai fazer-se, segundo acreditam, com a retoma da indústria automóvel, através do lançamento de novos modelos e projetos.


José Dantas considera mesmo, tendo em conta todos os sinais que tem visto pelos mercados mundiais por onde andou em 2021, que no início do próximo ano, “vem aí uma avalanche de projetos”. E adianta que “há uma mudança que já se começa a sentir, mas cujo efeito se vai ver no sector, com mais força, a partir do primeiro trimestre do próximo ano”.


Também José Silva admite que “o feedback que tenho é que há muitos projetos que estão para ser lançados, muito em breve”. Por isso, salienta, “acredito que vai, efetivamente, haver muito trabalho”.


José Dantas acrescenta que se nota, também, uma tendência do sector automóvel europeu, de manter os seus projetos na Europa. E isto acontece, no seu entender, “não apenas por uma questão de preservação da indústria europeia, mas também, e muito, para reduzir a pegada ecológica”. Por isso, mostra-se convencido de que “vai aumentar a procura de moldes em Portugal também por uma questão de política de sustentabilidade europeia”.


José Silva concorda. “A sustentabilidade vai influenciar os negócios”, defende, advertindo que “é preciso que as nossas empresas estejam muito atentas a esta questão que vai ter uma importância enorme nos próximos tempos”. E salienta que as organizações devem olhar com atenção para “as certificações nesta área” e “os desafios que se colocam”. Até porque, enfatiza, “esta é uma questão que já está a ser avaliada pelos clientes”.



DIVERSIFICAR

Apesar das perspetivas positivas, estes representantes de dois dos principais fornecedores da indústria de moldes consideram que os fabricantes nacionais têm de começar a apostar numa “maior diversificação”, de forma a ficarem menos dependentes da indústria automóvel.


“O automóvel tem muito peso nos moldes em Portugal. E isso acontece por fazermos um serviço de excelência neste sector e é por ele que somos conhecidos no estrangeiro: somos especialistas na indústria automóvel”, afirma José Silva. Mas em momentos de dificuldade do automóvel, como o que estamos a viver, essa dependência acaba por prejudicar a indústria de moldes nacional.


Lembrando que, apesar de, em 2020, ter havido empresas “que conseguiram entrar noutros sectores, com bons resultados, como a indústria médica ou o packaging”, considera que “seria desejável enveredar pela diversificação”.


José Dantas partilha desta opinião. Exemplifica, até, com o caso dos moldes em Itália para considerar que “têm um portefólio mais diversificado e tem havido trabalho nos moldes desse país”. Por isso, salienta, “é preciso repensar a especialização do nosso sector”.


Até porque, sublinha José Silva, durante o ano de 2021, “assistimos a várias áreas a retomar a atividade e a revitalizar, mas isso não aconteceu com o automóvel”.


Os dois consideraram ainda que os fabricantes de moldes portugueses se distinguem, no exterior, por duas razões principais: a flexibilidade e a inovação.


“As empresas devem consolidar tudo o que foi feito nos últimos anos. O cluster em Portugal trabalha com sinergias e isso deve manter-se”, aconselhou José Silva, adiantando que é também necessário “estar atentos porque há, na Europa, empresas que vão voltar ao fabrico de moldes ‘em casa’ e vão ser novos concorrentes da nossa indústria”.


Já José Dantas considera que para se manter forte, o sector de moldes “deve apostar na cooperação”, de forma a fortalecer o cluster ‘Engineering & Tooling. “Por aquilo que estamos a perceber, muitas das empresas europeias do ramo automóvel vão dar os seus projetos a fazer na Europa, em detrimento da Ásia”, frisa. E lembra que a Europa tem sido, nos últimos anos, o principal mercado dos moldes nacionais, sobretudo pela enorme vantagem que é, no seu entender, “a proximidade com o cliente” e que, considera, “deve continuar a ser a prioridade”.