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Empresas que não apostem na sustentabilidade perdem o ‘comboio’ da competitividade

12 Maio 2021

A forma dos negócios alterou-se. A questão da sustentabilidade não é apenas uma opção: é uma necessidade que as empresas têm de adotar, alterando métodos e processos, sob pena de perderem competitividade. Este foi um dos principais alertas, lançado no decorrer do webinar ‘Sustentabilidade e o Impacto nos Negócios’ que, organizado pela CEFAMOL e integrado no ciclo “Tech-i9 Days”, decorreu no dia 11 de maio.


Anabela Vaz Ribeiro, oradora convidada e pertencente à Global Compact Network Portugal (organismo das Nações Unidas para as questões da sustentabilidade e que depende diretamente do seu secretário-geral, António Guterres), começou por explicar que, mais do que sensibilizar, esta organização tem a missão de “chamar as empresas para estas causas”.


Na sua opinião, “fazer a transição não é fácil, mas é necessário”. Para além da premência ambiental subjacente, alertou para os desafios regulatórios que estão a ser criados e colocados em prática, sobretudo na Europa. E isto implica, adverte, “alterar significativamente a nossa forma de trabalhar”. E a aposta na economia circular, lembrou, deixou de ser uma opção para passar a “necessidade”, salientando que as empresas que percam este ‘comboio’ deixarão de ser competitivas. Porque, frisou, a adoção de medidas para tornar as organizações mais sustentáveis, vai passar a ser “um dos fatores-chave de financiamento”.


Mas admitiu também que se trata de um desafio “enorme”, enumerando algumas das principais dificuldades, como as restrições orçamentais e de recursos, a falta de instrumentos de formação ou a ausência de normalização. Face a isto, considerou, “é difícil perceber quais são as iniciativas certas para cada empresa”. No entanto, a opção tem de ser tomada tendo como meta uma atividade industrial sustentável. Caso contrário, as empresas não crescem. E a adoção da sustentabilidade tem de ser transversal a qualquer atividade, independentemente da dimensão da empresa: das grandes multinacionais às PME, todas terão de caminhar no mesmo sentido.


Falando perante uma plateia ‘virtual’ composta por cerca de 90 profissionais da indústria de moldes, Anabela Vaz Ribeiro salientou ainda o compromisso que existe de uma efetiva mudança até 2030, o ano limite para que as medidas invertam a emergência ambiental no planeta.


“O desenvolvimento sustentável é o grande desafio”, sublinhou, considerando que as empresas têm de, primeiro, identificar como o alcançarão. Como exemplos apontou a reutilização de materiais, a redução de consumos e de emissões, defendendo que “há variadas oportunidades nas organizações e que têm de começar a ser trabalhadas no imediato”.


É que, explicou, a legislação está a ser preparada e, nesse sentido, a mudança vai ter carácter de obrigatoriedade. “Temos de deixar de lado a lógica do investimento a curto prazo para pensar num investimento mais sustentável, com retorno em muitos outros aspetos que não apenas o financeiro”, destacou, revelando que “as grandes empresas já estão a sentir isso de forma mais direta”. Por isso, muitas delas já têm a sua área ‘ambiental’ interligada com a área financeira.


Das emissões de carbono, à defesa dos Direitos Humanos e da Igualdade de Género ou mesmo a estrutura acionista, há todo um conjunto de questões que têm de ser ponderadas pelas empresas, numa primeira fase, e depois ser alteradas. Até porque essas questões são agora critérios de avaliação de desempenho das organizações. “Não podemos continuar a viver na lógica de que podemos ter tudo a qualquer preço: os recursos são finitos” e, por isso, “temos de trabalhar para cumprir as metas já definidas”.



A mudança

Moderadora da sessão, Cláudia Novo, da Erofio, salientou a premência do sector pensar e discutir estas questões que, no seu entender, são de fulcral importância para que “a indústria de moldes se mantenha na cadeia de valor”. E lembrou que a sustentabilidade nos negócios terá um impacto enorme no dia-a-dia das empresas.


Coube a Jaime Sá, da Simoldes, partilhar a experiência do grupo nesta matéria. Em 2018, contou, a Simoldes elaborou o seu relatório de sustentabilidade, documento que, salientou, tinha por base muito do que havia sido feito no âmbito do processo de qualidade, com foco em questões como a organização e comunicação. E, no seu entender, a adoção de medidas sustentáveis passa, sobretudo pela mudança de hábitos. Ou seja, “o programa de sustentabilidade tem de estar expresso na nossa missão”, enfatizou.


O principal, defendeu, é “começar por definir objetivos que sejam claros e atingíveis”. No caso das Simoldes, revelou, o plano prevê que, até 2030, seja alcançada uma atividade operacional sustentável. No caso dos recursos humanos, por exemplo, está definida a meta ‘zero acidentes’, mas também que as pessoas se sintam bem, num ambiente de trabalho saudável.


No mesmo período, o plano estipula que 30% da energia provenha de fonte renovável, que as emissões sejam reduzidas 35%, o consumo de água desça 30% e que os materiais, novas formas de desenvolvimento e processos atinjam os 40%. A Simoldes estipula ainda que os fornecedores e demais parceiros sejam encorajados a participar neste programa. Só com esta abrangência e com uma missão bem definida, defendeu, o plano abarcará a empresa na sua totalidade. “Temos de assumir este compromisso de forma séria e comprometida”, considerou, frisando que “o importante é começar a fazer este caminho e alcançar o maior número de metas”.


Para Ana Pires, do CENTIMFE, a mudança para a sustentabilidade nas empresas está indissociavelmente ligada à “motivação”. No seu entender, a sustentabilidade aplicada à indústria começa na administração e vai até ao chão de fábrica, envolvendo todos os elementos da organização. “É fundamental toda a estrutura estar motivada para a mudança; caso contrário é difícil retirar proveitos”, advertiu. Considerou ainda que este plano deve ser encarado como o são os sistemas de qualidade, falando em quatro passos fundamentais: Plan, Do, Check e Act.


Para além de pensar nas medidas e colocá-las em prática é também de extrema relevância aferir a sua concretização e alcance. “As empresas temem que seja um processo muito oneroso. Mas, muitas vezes, passa por custos mínimos e prende-se essencialmente por mudar procedimentos”, afirmou, dando como exemplo a redução dos micro-plásticos e lembrando que para isso acontecer, basta apostar em sistemas de retenção de partículas.


No seu entender, “o fundamental é ver, primeiro, onde estão os problemas e, depois, introduzir a mudança de hábitos”, sublinhando que entidades como o CENTIMFE estão preparadas para apoiar nesses processos.