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O desafio da competitividade na Europa

05 Março 2024

Um futuro com bastantes obstáculos e desafios que terá como solução uma maior cooperação e diversificação de mercados. Esta é, de uma maneira geral, a forma como é sentida, a nível europeu, a situação da indústria de moldes. E foi, precisamente, o que concluíram os intervenientes no painel de debate da Conferência Internacional, que se centrou no tema ‘O Desafio da Competitividade na Europa’.


Tendo como moderador Bob Williamson (África do Sul), Presidente da ISTMA World, o painel juntou representantes de Portugal, Itália, Polónia e Alemanha.




Alfred Zedtwitz, da VDMA (Alemanha), deu nota do percurso da associação nos últimos anos, enfatizando o relevante papel que, na sua opinião, as associações sectoriais têm, “em áreas como o networking, a informação e orientação aos seus associados”.


“Coordenar o trabalho e ter o cuidado de não pôr em competição umas empresas com as outras, mas representar os interesses de todas” é, pela sua experiência, a enorme mais-valia de uma associação. E isso permite, por exemplo, levar as necessidades e reivindicações dos seus associados junto dos organismos oficiais. Exemplificou com Bruxelas onde, lembrou, se centram as decisões da maior parte das orientações e regulamentações para a indústria europeia.


A mão-de-obra é uma das preocupações transversais a toda a indústria na Europa. “Vemos as empresas com pessoas mais velhas, quando necessitamos de muito mais jovens. A meu ver, seriam necessários 15 a 30 anos para a Europa recuperar desta realidade e trazer jovens para a indústria. Isto é muito tempo e, por isso, temos de encontrar soluções, procurando talentos noutras zonas do globo”, considerou, sublinhando que, apenas dessa forma, as empresas conseguirão “ser saudáveis e competitivas”. “Nesta, como noutras questões, é essencial que trabalhemos em conjunto e de forma justa”, acentuou.


Já Fausto Romagnani, da UCISAP (Itália), começou por constatar que este é um momento em que a indústria se depara com “desafios imperiosos”. Como exemplo, falou do caso italiano, onde a situação, segundo constatou, “não é diferente daquela que se vive em Portugal ou noutros locais da Europa”. A atração e retenção de talento, referiu, constitui também uma das suas principais preocupações. Por isso, defendeu ser essencial “desenvolver, não apenas, competências individuais, mas apostar em parcerias, troca de experiências e trabalho conjunto entre empresas, de forma a valorizarem-se”.


Uma outra questão que salientou prende-se com “a dificuldade de tentar lutar para combater a imposição das condições dos clientes”, no que diz respeito a condições de pagamento e que, no seu entender, “não são sustentáveis financeiramente: os clientes procuram um novo banco para se financiarem e esse banco somos nós, os fabricantes”.


Comentando a questão da concorrência asiática, afirmou que “no mercado global, devíamos ter as mesmas condições para competir”. Por isso, lembrou que “não é uma empresa sozinha que vai fazer a diferença; temos de trabalhar em conjunto e só assim reforçamos a nossa força e a nossa posição”.





GESTÃO EFICAZ

Marcin Kropidlowski, do Bydgoszcz Industrial Cluster Tool Valley (Polónia), falou um pouco sobre o cluster que representa, criado naquele país há cerca de 20 anos. Destacou que o seu crescimento resultou do trabalho conjunto e da persistência em ir fazendo sempre mais e melhor.


Advoga que “o desafio da competitividade passa, primeiro, pelas empresas conseguirem criar uma gestão eficaz - a liderança -, e depois conseguirem manter a perseverança para continuarem no mercado”. Aconselhou, por isso, as empresas a não desistirem e a continuarem a acreditar que “somos capazes de fazer sempre melhor”. “A energia e determinação para fazer acontecer está nas vossas mãos e só persistindo será possível esculpir o vosso futuro”, salientou.


Um outro aspeto que destacou, manifestando alguma preocupação, é que “na Europa, muitas vezes, trabalhamos sozinhos, mas devíamos conseguir juntar-nos para fazer ouvir a nossa voz junto das organizações, por exemplo, em Bruxelas, de forma a conseguir outro tipo de proteção mais eficaz para competir com países como a China”.


João Cruz, da CEFAMOL (Portugal), foi instigado a comentar o papel da Ásia e o seu impacto no sector. Falou acerca das lições que os portugueses tiraram com o crescimento da Ásia, dizendo que, por exemplo, “a China aprendeu com as empresas europeias: fomos nós que os ensinamos e, neste momento, eles estão a usufruir do sucesso que merecem”.


Um outro aspeto que salientou nesta questão diz respeito à forma como os fabricantes chineses se posicionam. No seu ponto de vista, “rentabilizam a eficiência, ao contrário de Portugal onde as empresas investem muito em tecnologias, mas nem sempre rentabilizam os seus investimentos”.


A ‘eficiência’ é a palavra-chave para ganhar competitividade. “Precisamos de produzir mais, mais rápido e com menos custo; ou seja, manter a nossa qualidade, mas ser mais competitivos e eficientes”, enfatizou.


Destacou que a proximidade com o mercado europeu é uma vantagem que deveria ser rentabilizada, uma vez que se enquadra numa estratégia mais sustentável. “Conseguimos ser mais sustentáveis do que os asiáticos porque nos preocupamos com estas questões e temos de fazer valer essa nossa postura”, defendeu. Entende que a questão da sustentabilidade “vai muito para além das questões económicas, financeiras ou ambientais: temos de deixar condições aos nossos descendentes, àqueles que vão ficar quando partirmos, temos de pensar no futuro e assegurar que seja o melhor para os que ficam”.